Se um buraco negro com milhões a bilhões de vezes a massa do Sol já é uma ideia assustadora, imaginem então dois deles presos em uma dança mortal no núcleo de uma galáxia. É isso que os astrônomos acreditam ter encontrado no centro de um corpo galáctico conhecido como WISE J233237.05-505643.5, a 3,8 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Como o próprio nome indica, o objeto foi identificado primeiramente pelo observatório espacial infravermelho Wise, que escaneou todo o céu por duas vezes antes de ser colocado em hibernação pela Nasa em 2011 (da qual foi retirado recentemente para uma nova missão de procura por asteroides próximos da Terra, batizada NEOWise).
Observações posteriores do objeto feitas com um radiotelescópio na Austrália e pelo telescópio Gemini, no Chile, revelaram que a galáxia tem características incomuns. Entre elas, a emissão de um jato de partículas enviesado a partir de seu núcleo, que os cientistas acreditam ser provocado pela ação gravitacional de um dos buracos negros sobre as emissões do outro.
- Acreditamos que o jato de um dos buracos negros está sendo desviado pelo outro, como uma dança com fitas – explicou Chao-Wei Tsai, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e principal autor de artigo sobre a descoberta, que será publicado na edição do próximo dia 10 de dezembro do “Astrophysical Journal”. - Se isso for verdade, os buracos negros estão muito próximos um do outro e gravitacionalmente ligados.
Segundo os astrônomos, objetos como este podem ajudar na compreensão de como os buracos negros supermassivos característicos dos núcleos de galáxias se formam. Uma das maneiras é via a absorção de matéria da galáxia que os hospeda, mas outra, que estaria por trás do surgimento dos maiores destes monstros cósmicos, é por meio do choque de galáxias, com os seus respectivos buracos negros centrais dando início a uma dança como a observada na WISE J233237.05-505643.5 até que eventualmente se fundam em um único buraco negro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário